O mundo da ciência está sofrendo mudanças dramáticas, porque muitos pressupostos estão sendo colocados em xeque, entre eles a expectativa positivista lógico-experimental de cunho formalista e empirista, ao lado do questionamento do ser humano como centro da realidade. Sendo nosso olhar, nosso método, nossos instrumentos de pesquisa, nossa capacidade de interpretação muito limitados, não vemos tudo, não temos um olhar de cima ou de fora. Como parte da realidade, a vemos como parte, parcialmente, por mais que lancemos mão de formalizações metodológicas (matemática, análise lógica, mensurações, controles etc.). Validades universais aplicam-se ao lado formal, não ao existencial. Este é contingente, por isso evolui, muda, se transforma, se recria. A ciência não capta as dinâmicas complexas e não lineares, porque seu método seleciona nela suas formas recorrentes, ou seja, o que não é dinâmico nas dinâmicas. Esta lacuna procura ser, pelo menos, percebida, embora esteja muito longe de ser resolvida. A teoria do ator em rede, cujo mentor maior é Latour, questiona a centralidade do ser humano, sugerindo que sociologia não é o estudo do social, mas das associações: de tudo que se associa, também entidades não humanas. Todas as entidades naturais são "atores", porque é próprio da natureza a interação entre suas partes, do que podem surgir novas associações. No caso da tecnologia esta questão é mais visível, porque sempre foi assim: inventamos tecnologias, e logo elas nos dominam, exercendo sobre nós influência marcante. Esta visão realça as dinâmicas na realidade, tomando a sério sua complexidade reconstrutiva. Este texto indica, também, a necessidade de revisão constante de nossas teorias e posicionamentos, ao lado de descentrar o ser humano: é uma entidade entre outras; tanto exerce, quanto sofre influência. Obra destinada a cursos de metodologia científica em ciências sociais e em ciência em geral, a cursos de sociologia e assemelhados e de pós-graduações lato e stricto sensu que trabalham metodologia científica. Livro recomendado também para profissionais e docentes que lidam com pesquisas qualitativas e quantitativas, para além do positivismo.