Um grupo de amigos decide reunir-se em São Petersburgo, um epicentro da história do século 20, para conferir o que sonharam a partir dela, ver se poderiam ter sonhado outros sonhos, definir o que ficou de vez para trás e celebrar finais e recomeços. Um deles segue na frente, a preparar o encontro. Seu primeiro embate será com o que vive naquele exato instante, feito de realidade e imaginário como todos. São Petersburgo, na Rússia que virou URSS antes de voltar a ser Rússia, assim como a cidade conheceu, ela mesma, outros tantos nomes, é o cenário que um grupo de amigos escolhe para um ajuste de contas de cada um consigo mesmo mais do que com a História. Querem sonhar juntos e descobrir se sonhos coletivos eram e são possíveis. Decidindo viajar antes dos outros para acertar os detalhes da reunião, mas sem um plano específico, Josep Marília descobre que uma primeira e insuspeitada barreira a vencer, opaca de tão evidente, é o momento que vive naquele seu próprio presente ao lado da amante ou namorada ou amiga. Se grande parte do futuro é inteiramente inacessível, escreve Eric Hobsbawm, o passado que o grupo quer recuperar, reexaminar e voltar a sentir não o é menos. Como o presente. O choque entre tempos e sensibilidades, feito de prazeres desencontrados tanto quanto compartilhados, de impasses multiplicados, encerramentos e retomadas imprevistos, poderia ser um drama mas revela-se apenas uma variação da celebração esperada. E Josep Marília comemora-a, a seu modo.