Você está em casa, passa os olhos pela milésima vez no celular, abre a tela, descobre: a garota que te deixou publicou um vídeo de uma mulher lendo um poema chamado dezembro, mas você diz para si mesmo que não gosta de poesia, mesmo assim, escuta os míseros dois minutos e nove segundos de vídeo e, surpreendentemente, gosta. O nome da autora: Gabriela Lopes de Azevedo. Você resolve tentar a sorte e compra um exemplar. Ao iniciar Noites brancas, você perambula e observa a cidade por meio de seus movimentos quase inertes, afinal carros diminuem a velocidade/os que se movem pausam, ao redor, tudo é verbolocomotor de uma mesma areia movediça; o chão do metrô se mexe sozinho, as pessoas no ponto de ônibus olham para o chão/ os passantes param, a coreografia até banal de um dia como tantos outros mãos para cima/olhos para a direita não fosse a intervenção da voz poética não coloque os pés no chão/pode ser fatal. A Luz da sua casa coincide com a luz que incide sobre os poemas (...)