“Este livro trata de religião e política, como sugere o título. Tal evidência não esgota, porém, o seu conteúdo, nem esclarece grandemente o alcance dos seus enunciados. Ninguém, a bem dizer, já hoje contesta que a religião e a política de que se fala aqui estão intimamente conectadas com a filosofia demonstrada na Ética. E, no entanto, dizer isso ainda não é tudo. Porque o Tratado Teológico-Político não é apenas uma obra que tenha subjacente a concepção da realidade reivindicada pelo autor ou que para ela remeta, como teria irremediavelmente de acontecer, é, sim, a primeira e, em muitos aspectos, definitiva explanação do sistema espinosista, a tentativa programada de recuperar o que a racionalidade em moldes geométricos” insinuava como desordem ou servidão a resgatar pela liberdade intelectual, sem suspeitar que é precisamente aí que se decide toda a gama de possibilidades de interação dessas partículas do todo que são os homens.” Diogo Pires Aurélio