O romance da Maria Inês é originalíssimo - mas não é surpreendente. É original porque ela consegue contar uma história fluida, evanescente, feita de coisas mais sugeridas do que ditas, e a história se passa num curso de gravura onde tudo é sólido, cortante e definitivo - metal, buril, ácido - e os efeitos são previsíveis, ou nunca menos do que claros. Mas a originalidade do romance só surpreende quem não conhece a Maria Inês artista, que nas suas pinturas, esculturas - e gravuras - transmite esta mesma, paradoxal, combinação de expressionismo e mistério.