Há alguns meses, lendo versões iniciais de poemas que vieram a integrar este livro, lembro-me de ter dito a Fabiola Glashan que eu via muito em sua poesia o olhar do artista curador, que pinça, aqui e ali, no que ouve e no que vê, matéria para sua escrita. Continuo tendo essa opinião. No entanto, é importante dizer, também, que Glashan não se filia a uma tradição que, para construir seus textos, pinça frases inteiras, trechos de diálogos, e dá a ouvir pedaços de conversas. Aqui não é essa a proposta. Na verdade, os poemas desta coletânea são tão entrecortados quanto o ritmo e a vida da contemporaneidade. O que a poeta seleciona em sua curadoria são unidades de significação mais breves: palavras e expressões curtas que aparecem em conversas, manchetes, poemas. Assim, mais do que através da fluidez, muitos dos poemas de Mar de sal são construídos através do acúmulo de imagens que são referidas com brevidade. Em vez de se demorar ou degustar cada uma delas, os poemas agilmente (...)