Uma mulher enquanto baleia, a baleia enquanto carro popular e o carro, máquina: tudo precisa de máquina para existir. Entre o que queremos esquecer e o que precisamos resolver, Lilian Sais acumula metáforas e reflexões no intuito de encorpar a discussão sem nunca oferecer respostas prontas, pois o que nos entrega é poesia de qualidade sobre temas urgentes. A leitura adulta de experiências de infância, o cerceamento ao redor da construção de uma identidade feminina, redes sociais e o fazer poético: seção a seção, nada escapa à autora cuja imaginação passa por deduzir que baleias poderiam dirigir de olhos fechados até chegar à conclusão de que toda imagem é um lugar do qual falamos sempre em língua estrangeira. A baleia amarra os temas do livro, de solidão a autoimagem, enquanto poeta e poetisa se preparam para um duelo de repentes. Da soberba do vinho à crueldade das dietas, este livro é lugar de clamar que o mar tem fim, sim, e discutir o preço da morte e da vida.