Era uma vez duas Franciscas, mãe e filha, que viveram no sertão da Bahia, e também na capital, em pleno século XIX. Francisca Rosa, a mãe, nasceu e cresceu em terras boas e amplas, de fumo e açúcar; herdou escravos, uma fábrica, administrou os negócios depois da morte do pai. Mas logo se pôs a escrever, e se tornou engajada mulher de letras. O percurso de Francisca Rosa, a mãe, conduz Elisabeth Rago, autora deste livro, pelo universo dos senhores de terra e as modificações ocorridas na segunda metade do século XIX. Leva a esquadrinhar o espaço urbano, quando detecta espaços públicos de sociabilidade feminina, assim como o espaço público do pensamento, de vários matizes ideológicos, contido nas inúmeras publicações, revistas e artigos de mulheres. A segunda Francisca, a filha, logo decidiu buscar novos caminhos, trilhar uma via toda sua. Queria ser médica e conseguiu, com muita garra, ingressar na Faculdade da Medicina da Bahia, formando-se em 1893. Elisabeth Rago esmiúça as correntes do pensamento médico na Bahia de então, assim como as várias camadas da sociedade, vistas através do olhar médico. Como se percebe, é todo um outro universo que se descortina a partir do percurso de Francisca, a filha de Francisca Rosa.