Escrevi este livro como material de apoio para o que ensino em administração intercultural no curso de MBA Executivo do IBMEC São Paulo. Escrevi-o porque sentia que os estudantes precisavam encontrar, em algum lugar, informações práticas com um ponto de vista latino-americano em assuntos interculturais. Em parte, isso indica a natureza e o alvo do livro: executivos e alunos de administração que trabalham com latino-americanos. Mas o livro pretende mais. Procura despertar a necessidade de desenvolver técnicas administrativas adaptadas às culturas das pessoas a serem dirigidas. A falta dessa adaptação pode ser responsável por uma parte signifi cativa da menor produtividade encontrada em muitos países em desenvolvimento. Também não é apenas uma questão de baixa produtividade. A adaptação de técnicas administrativas é necessária para tornar menos alienante e mais habitável o local de trabalho; este deveria ser um local onde as pessoas viessem com um sorriso nas faces, para fazer amigos enquanto trabalham, para gozar a vida, apoiarem-se mutuamente quando têm problemas, para ver a beleza que existe em cada um de nós e reconhecer o fluxo da vida de que todos somos parte. Isso é o que ocorre durante alguns meses em todos os anos nas escolas de samba quando milhares de pessoas preparam a realização pontual do espetáculo de classe mundial que é o carnaval do Rio de Janeiro. Lembrem-se de que elas fazem XIV CULTURA E ADMINISTRAÇÃO NAS AMÉRICAS isso quase sem remuneração e sem consultores com MBA. Estamos perdendo algo por não aprender como eles conseguem nas escolas de samba mais do que gerentes de empresas com MBA que usam sua parafernália motivacional e seus instrumentos de controle. Executivos ou estudantes asiáticos e africanos tendem a não encontrar muita coisa de grande interesse nas páginas seguintes. Isso porque o enfoque do livro está na interação entre pessoas de três grupamentos culturais: a América Norte, representada principalmente pelos Estados Unidos; a Europa, representada em grande parte pela Inglaterra e pelos países da Europa meridional; e os chamados países latino-americanos, aqui representados principalmente pela Argentina e pelo Brasil. Se seu trabalho de gerenciamento envolve uma interação entre a América Latina e a América do Norte ou a Europa, é provável que você encontre algum alimento para seus pensamentos, pelo menos em algumas partes do livro. Recomendo, para a maioria dos estudantes ou executivos de qualquer parte das Américas, que leiam todo o livro. Aqueles que contam com uma boa formação em ciências sociais, como a maioria dos estudantes ou executivos europeus, podem desejar ler apenas superfi cialmente as Partes 1 e 2. Os iniciados em administração intercultural encontrarão pouca utilidade na Parte 4, a qual também pode ser lida superfi cialmente pelos executivos de qualquer região, embora possam precisar voltar de vez em quando para tal parte a fim de entender o signifi cado de algumas defi nições. Estudantes de estudos de desenvolvimento em qualquer região podem encontrar pontos de vista incomuns ao longo do livro, mesmo na Parte 2; mas encontrarão mais utilidade nos Capítulos 9 e 10 e na Parte 5. Finalmente, alguns estudantes de literatura ou de antropologia cultural latino-americana podem encontrar alternativas interessantes para sua própria pesquisa neste livro, o qual funde o trabalho nesses campos com necessidades administrativas. Em todo caso, quaisquer que sejam as partes do livro que você leia, espero que se divirta ao fazê-lo e que eu consiga despertar algo em você. Compartilhe comigo seus pensamentos; e muito obrigado por sua leitura. Alfredo Behrens