'Me escreva tão logo possa' é uma coletânea anotada, que tem como destinatários todos aqueles que buscam a expressão epistolar, compreendendo que ela, no âmbito dos chamados gêneros de fronteira, conjuga, enquanto escritura do eu, testemunho e criação literária. Após a consistente epístola/ensaio em que estuda os caminhos do cartear, os quais, hoje, englobam o e-mail, Marcos Moraes nos garante uma bela seleção de remetentes, todos eles apresentados com erudição e acuidade. As cartas nos chegam do Brasil Colônia, dos românticos no Império, de Luís Gama em uma autobiografia amarga; vêm de Bilac enamorado, da tristeza de Machado viúvo, de Mário de Andrade no momento da eclosão do poema 'Carnaval carioca'; de Cecília Meireles em alegres versos e desenhos, da poesia renovadora de Rodrigo Ponts, do lirismo doloroso de João Antônio. Mesclam correspondentes famosos, Gonçalves Dias, Lobato, Mário e heróis da resistência à ditadura militar, da defesa de nossos índios. Livro de cartas latu sensu, atual, acolhe a concisão obrigatória das linhas de destino impessoal e expandido, enviadas aos jornais, assim como o e-mail que externa a sagesse de Walnice Galvão e o que revela a experimentação lingüística praticada pelos jovens.