A política da escravidão no Império do Brasil apresenta uma detalhada investigação sobre as contradições da escravidão no Brasil do século XIX. O pesquisador Tâmis Parron estabeleceu como recorte o período de 1826-1865 para analisar contrassensos como a defesa da liberdade e o incremento da escravidão ou população livre com várias garantias constitucionais, que dependia dos cativos para exercê-las.“Durante o século XIX, toda defesa da escravidão e do tráfico negreiro se escorou no liberalismo, e essa triste, embora eficaz, fusão ajuda a esclarecer o fenômeno da dupla expansão da liberdade e do cativeiro, da riqueza e da miséria, num país que ansiava (e ainda anseia) por pertencer ao futuro da civilização e do progresso humano”, destaca o autor.As ações e os discursos que proprietários, negociantes e parlamentares sustentavam ganham um novo olhar. Através desta análise, o autor procura explicar a expansão da escravidão em meio a revoltas de cativos, disputas partidárias e a própria construção do Estado Nacional brasileiro.O antiescravismo internacional e a formação mundial da economia de mercado também são destacados neste estudo pioneiro de Parron. Enquanto, a partir de 1770, o sistema colonial dava lugar à economia mundial de livre mercado em toda a América fez com que a escravidão desaparecesse em diversos países, três regiões não experimentaram esta mudança: o sul dos Estados Unidos, Cuba e o Império do Brasil. O autor explora mais este paradoxo e explica como foi possível que a escravidão ganhasse força nestas três sociedades.