Este livro de poemas começa no momento da queda de Dilma e acaba quando se dá a prisão de Lula, passando por múltiplos personagens, fatos e pelos momentos mais insólitos do período em que estamos vivendo e, tão cedo, parece não ter solução, com a constante ameaça à sempre incipiente democracia brasileira. Com o poema Guerrilha, o autor sinaliza o que pode ser essa ação poética: a esquerda hoje/não pega em armas/que não façam rir. Colocando-se na extrema esquerda, contra a direita, o centro e a própria esquerda, com o riso zombeteiro e a cimitarra do sarcasmo, Ademir faz de cada poema um petardo jogado nessa guerrilha que, para um escritor, somente pode passar pelo livro ou, em última instância, pela potente impotência do poema. Trata-se de uma leitura corrosiva do País, que dialoga com as escritas de Oswald de Andrade, Murilo Mendes ou Silviano Santiago; ao lerem o País a contrapelo no passado, ou com a de Glauco Mattoso, no presente. [...]