O livro de Márcia Carvalho é obra singular na bibliografia sobre cinema brasileiro. Trata-se de um panorama de viés histórico que trata de maneira aprofundada como a canção popular foi integrada ao nosso cinema. Abordando desde as primeiras experiências nesse sentido, datadas ainda do período entre 1907 e 1911, quando artistas se postavam junto à tela para cantar determinada música – pois se tratava do cinema silencioso -, o livro percorre de maneira cronológica a história da produção de filmes no Brasil, com destaque para a chanchada nos anos 1930 a 1950, o Cinema Marginal, bem como a Embrafilme nas décadas de 1970 e 1980 e a retomada já nos anos 1990, chegando à primeira década do século XXI. É de se notar que são comentadas películas voltadas para o público popular e também aquelas que alcançaram diversas faixas de espectadores, mas sem deixar de lado o experimental. Percebe-se na longa trajetória percorrida, a centralidade da canção popular - seja o samba, a bossa nova, o rock, o pop, entre outros estilos – como elemento artístico fundamental para a composição artística dos mais diferentes filmes e também, diversas vezes, importante elemento comercial para que determinada produção tivesse apelo junto ao público.