Raul Magalhães analisa o consumo de drogas sob o ponto de vista da organização social. Não se trata de especular se a droga é o "espírito do mundo sem espírito" da geração AI-5, a rebeldia sem causa da juventude excluída ou estratégia de sobrevivência de algum lumpem-proletariado. Pelo contrário: enfoca o problema da droga sob o prima da sociologia, ou seja, sua residência está na articulação analítica de elementos e dimensões de natureza instrumental e simbólica que montam a dramaturgia da ordem social. O mesmo "bagulho" que abre a seus usuários as portas da percepção do entendimento intersubjetivo é a mercadoria criminógena dos juízes, o recurso e a patologia ods médicos.