Em 1928, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) deixava de ser apenas um desconhecido ao publicar na Revista antropofágica seu poema No meio do caminho. Surgia, naquele momento, um dos maiores poetas do Modernismo e da literatura brasileira. Valorizado pela crítica por sua facilidade de lidar com a língua para expor seus pensamentos, seus amores, suas (des)ilusões, Drummond é, sem dúvida, um poeta criador de palavras que enriquece seu texto com um estilo próprio e pessoal. É um maker, segundo Haroldo de Campos. Nele tudo é palavra, disse Décio Pignatari. O próprio poeta enxerga-se como um lutador, aquele que sabe das dificuldades de lutar com palavras, mas assume de forma singular essa árdua tarefa. Neste livro, Elis de Almeida Cardoso analisa as criações lexicais na obra poética de Drummond, estudando sua maneira de trabalhar com as palavras e com a língua. Frente a esse grande material linguístico e estilístico, verifica quais os processos utilizados para a criação lexical e qual o efeito estético de suas criações no texto literário. O Drummond criador de palavras, preciso e surpreendente, reformula o código linguístico, utiliza vários processos de criação lexical neológica, dispondo cada palavra criada no lugar exato. O poeta penetra surdamente no reino das palavras e, por mais que observe na formação dos neologismos as leis morfológicas relativas à estrutura das palavras simples e primitivas e à construção das derivadas e compostas (aglutinadas ou justapostas), não pretende satisfazer as necessidades da língua, mas sim as necessidades de sua poesia.