Com uma mistura bem particular de humor e tragédia em um texto de leitura prazerosa, "A cozinha da alma" ("Soul Kitchen", no título original) retrata ambientes fora da classe média alemã e uma fração do prisma social daquele país. A prosa acelerada e a imaginação extraordinária da jovem autora constroem uma nova, enriquecida e surpreendente experiência em relação à diversidade das esferas sociais na Alemanha - e uma amostra da moderna literatura produzida por lá. "A cozinha da alma" conta, em dez capítulos, a história do jovem Zino, filho de imigrantes gregos que o abandonam em Hamburgo ainda em sua adolescência, com poucas habilidades culinárias e pouco dinheiro. Seu irmão mais velho, a quem Zino idolatra, é um homem dado a pequenos delitos e que passa a maior parte do tempo na prisão. O problema da educação, a luta penosa para conseguir alguns rendimentos, o silêncio diante das mulheres: a obra de Jasmin Ramadan conduz o leitor por estes desafios comuns e outros extraordinários, como a passagem de Zino pela cozinha de um bordel, o trabalho num navio, a fuga para uma ilha no Caribe e, no fim, sua volta a Hamburgo para finalmente realizar seu sonho e abrir o restaurante Soul Kitchen.