A religião é uma das dimensões mais importantes, senão a mais importante, da pessoa humana e uma das que distingue melhor os humanos dos animais. Ela influencia o sentido da vida e da morte, o modo como se encara o mundo e os homens, as alegrias e o sofrimento, o modo como se vive a vida familiar (atitude frente ao divórcio, ao aborto, ao número de filhos, etc.), a maneira como se interpreta e vive a sexualidade, a tolerância ou o racismo, a política, a profissão. A religião pode ser decisiva no uso ou não uso de drogas, condiciona a educação familiar, está presente nos ritos de nascimento, de iniciação adolescencial, no casamento, na morte. Pode dizer-se que, para quem é religioso( e de algum modo toda a pessoa é religiosa a seu modo ou ao menos em alguns momentos), não há aspecto nenhum da vida pessoal e/ou comunitária que não esteja influenciado pela religião. Não é fácil o consórcio entre a religião e a psicologia. Por um lado, os autores mais ciosos da cientificidade da psicologia, recusam-se a vê-la 'contaminada' em contacto com a religião. Por outro lado, os fundamentalistas da religião olham também com suspeição ou mesmo com desdém para a psicologia que pode deturpar e dar uma interpretação 'laica' da religião. Não obstante, cada vez mais, quer cientistas quer teólogos, pensam que há interesse mútuo no contacto entre as duas realidades ou modos de de interpretar o comportamento humano e a vida, apelando mesmo a uma 'metapsicologia'(cf. Norager, 1996). Um primeiro capítulo, introdutório, tenta definir o que se entende por religião e a sua origem confrontando-a com expressões paralelas e espúrias, como a magia ou a superstição e ainda com o fenómeno das seitas. Num segundo capítulo, ainda de carácter introdutório, define-se mais rigorosamente a natureza e função da religião e bem assim o método da psicologia da religião. O capítulo terceiro debruça-se sobre alguns autores mais representativos da psicologia que abordaram a religião, dando-se particular relevo à psicanálise. O capítulo quarto apresenta a perspectiva desenvolvimental da religiosidade. Finalmente no capítulo quinto estudam-se de forma breve alguns temas mais versados em psicologia da religião, como a atitude religiosa, a experiência religiosa e o misticismo, a conversão, a moralidade, a religião e a saúde mental, o morrer e a morte, o ateísmo.