Em Depressão surda: mal da nossa época, Maria Teresa Moreira palmilha o território incerto e labiríntico do sofrimento com uma atenção e cuidado únicos. O primeiro mérito do livro é circunscrever essa terra tanto mais conhecida quanto menos é reconhecida, tanto mais onipresente quanto menos é localizável: a depressão surda é aquela que não se assume, que convive às vezes até razoavelmente com os sintomas. O resultado dessa viagem pelo país da dor desenha a possibilidade de um cais: falar, às vezes gritar, discorrer, escrever, comunicar, o contrário de negar a doença, são maneiras de esboçar saídas, escaramuças quem sabe em uma guerra maior, mas talvez modos de uma cura precária e instável, possível. É isso que o livro faz: Certamente, ainda há idas e vindas de dores e tristezas, mas minha alma está mais quieta..