O reconhecimento do Estado de Israel como Estado Judeu, a princípio, abarcava razões religiosas que iam além da demografia local. Colocar-se em pé de igualdade com árabes na disputa pela Terra Santa era necessário. No entanto, ao longo dos anos o caráter religioso do judaísmo enfraqueceu, deixando dúvidas sobre o que define o judeu do século XXI. De acordo com Shlomo Sand, a noção de nacionalismo e o vínculo sentimental dos judeus para com Israel e com a religião tornaram-se anacrônicos. A essência do Estado Judeu agora é étnica e se aproxima cada vez mais de uma postura racista e segregadora em relação ao resto do mundo. O Estado de Israel já não reside sobre os mesmos pilares que o sustentavam, assim como o povo escolhido também não. Na ausência de um DNA judaico ou de uma língua e cultura comum ao povo de Israel, o judeu genuíno já não é definido por critérios religiosos, mas pelo ventre judaico que o gerou, um paradoxo étnico-religioso que se tornou o cerne da existência da identidade judaica secular. Sob a lei israelense, Sand não pode mudar sua nacionalidade judaica, a não ser que se converta a outra religião. E, mesmo não sendo religioso, não pode se demitir do judaísmo, uma vez que sua identidade está pautada em suas origens. Do mesmo autor de A invenção do povo judeu e A invenção da terra de Israel, Como deixei de ser judeu encerra a tão aclamada trilogia de Shlomo Sand; uma crítica à política de identidade judaica moderna e à espinhosa questão do etnocentrismo de Israel.