O sonho de obturar a incerteza da fala graças à certeza dos conhecimentos ameaça o estatuto da própria fala. A realização de tal programa assinalaria o próprio acontecimento de democracias totalitárias, aquilo que denominamos de totalitarismo pragmático, a saber, a autonomia tomada por um sistema organizado em torno de uma lógica que pretenderia dar conta racionalmente de tudo, e que viria sem sabê-lo de maneira determinada, mas também sem querer sabê-lo a não mais deixar seu lugar ao sujeito e à sua fala. A crença comum dos dias de hoje de poder assim se libertar das leis da linguagem, nós a denominaremos de a utopia mortífera de nosso fim de milênio.