Poética política: assombros da desconstrução traz ao mesmmo tempo uma confirmação, uma mágoa e uma lição. Confirmação: Já em 2017, todos os autores que participaram deste ensaio tinham uma visão bastante precisa do Golpe em curso, seus atores e suas consequências. Não à toa, que no decorrer dos capítulos, vemos a abordagem à imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade; à violência contra os pobres e a classe trabalhadora como um projeto de Estado chancelado pela esfera do direito; à censura e autocensura; e à urgência de representatividade política nas poéticas escrita, visual e corporal. Mágoa: Depois de dois anos, perceber que já havia uma visão que se confirmou de nosso status quo, enquanto trabalhadores, intelectuais, cidadãos – dos miseráveis à classe média desinformada, que confirma suas perdas como conquistas –, por que não mudamos o roteiro daquela narrativa que já estava dada? Ingenuidade, mansidão demasiada...? Lição: A História nos mostra os efeitos nefastos da extrema direita autoritária, é hora de ajustar a política da narrativa poética representativa não mais de minorias, mas uma narrativa que engloble negros, brancos, índigenas, homens, mulheres, pobres, classe média, trabalhadores e desempregados, num único objetivo: conferir protagonismo a quem de fato e de direito o tem, os 90%.