A proposta de refletir sobre os direitos humanos a partir da revalorização da retórica contemporânea lança uma nova luz sobre o tema, deslocando a legitimidade desses direitos menos para problemas de imposição e de fundamentação, como em geral se pensa, e mais para a questão quase esquecida do dever de persuasão permanente de todos os concernidos. Isso em geral se dá porque, usando a famosa expressão de Mann, habituamo-nos ao hábito de sermos indiferentes à diferença cultural e, em nossa ânsia por uma única gramática da dignidade humana, incluímos subalternamente a outridade do outro, qualificando-a, muitas vezes, como superstição e crendice. O que exige das pessoas que se interessam em promover esses direitos, inclusive de instituições nacionais e internacionais, a obrigação de adaptação retórica às premissas daqueles e daquelas a quem são dirigidos esses discursos. E só assim, poderemos ver protegida, num planeta multicultural, dialógico e pacífico, aquela mesma dignidade de [...]