O livro América Latina na encruzilhada é um balanço, nem sempre otimista e alentador, das duas últimas décadas de transformações em nosso continente. Após uma euforia inicial, parecida com aquela experimentada nos primeiros anos da Unidade Popular com Salvador Allende no Chile em 1970-1973, uma série de governos populares na Argentina, Brasil, Bolívia, Equador e, ainda uma vez, no Chile, fez ressurgir a possibilidade de mudanças profundas num continente onde, desde suas origens, a colonidade parecia ser um destino inexorável. No entanto, uma série de golpes, mesmo que com novas roupagens, primeiro em Honduras, depois no Paraguai, Brasil e Bolívia viria explicitar que mesmo os governos ditos “populares e progressistas” e suas agendas reformadoras, no âmbito do capitalismo, não tinham condições de avançar numa sociedade rigidamente classista, desigual, racista e marcada por um profundo egoísmo histórico.