Martin Heidegger ocupou-se da técnica com uma originalidade pouco notada, que este livro procura evidenciar através de ampla e cuidadosa análise de seus principais escritos publicados até o momento. Contestando as pretensões das várias filosofias da técnica de nosso tempo, o pensador debruçou-se sobre o que chamou, em seu texto mais famoso sobre o assunto, de Questão da Técnica. Francisco Rüdiger examina em detalhe esta distinção sutil, mas muito rica em efeitos, quando se trata não só de tentar entender melhor o que é a técnica, mas de pensar o que está em jogo nela para nós, seres humanos. Esclarecendo que, para o filósofo, a técnica não é em si mesma uma atividade, mas um tipo de saber, e que seu sentido não depende dela mesmo, mas de algo que não é técnico, a obra fornece uma nova visão de suas idéias. O assunto principal gira em torno da tese de que, por meio delas, pode-se ir além da simples oposição entre tecnófilos e tecnófobos, partidários e opositores do progresso tecnológico; mas também da atitude crítica com a qual se pretende fundar a técnica em princípios éticos e políticos humanistas. Heidegger sustenta que não somos nem jamais seremos senhores da técnica, embora sejamos seus criadores; que ela se tornou um destino, embora não uma fatalidade; que apesar de vivermos sob seu comando, existe, para alguns de nós, pelo menos, a possibilidade de estabelecer uma livre relação com a tecnologia.