Grande parte dos sujeitos atendidos em saúde mental demanda um trabalho que resgate o sentimento de existência e de pertencimento ao mundo humano, pois dele se sentem muitas vezes apartados ou desenraizados. A experiência estética se relaciona a uma dimensão existencial da vida das pessoas. Ela evoca forças vivas que constituem a subjetividade, conecta o sujeito sensorialmente ao entorno e pode inventar novos modos de existência e novas formas de lidar com as situações cotidianas. O livro discorre sobre a experiência estética na relação das pessoas com sua criação artística no contexto terapêutico ocupacional, dentro do campo da atenção em saúde mental. Foi realizado através de uma pesquisa que acompanhou um grupo de atividades artísticas com pessoas que fazem uso de um serviço de saúde mental da rede pública, associada a uma pesquisa bibliográfica dos campos da arte de da saúde mental. Os resultados são apresentados em duas categorias. A primeira aborda a exploração da emergência do gesto criativo e a construção de um modo de formar singular, que promovem o reconhecimento mútuo pelo sujeito e pelo outro de seu estilo de ser apresentado na obra, a possibilidade de dar sentido e re-inventar a existência continuamente. A segunda categoria descreve a relação do sujeito com a materialidade do que ele cria e a concretude dos procedimentos de produção artística, que favorece o alojamento do sujeito numa experiência compartilhada, e se configura como possibilidade de criar coisas no mundo e de habitar o mundo de maneira criativa. Explora uma prática clínica de fundamento estético cujo eixo estrutural são as atividades humanas e o norte é dar lugar e sustentação às maneiras de fazer dos sujeitos atendidos numa tessitura artística ampliada ao cotidiano.