O pensamento ocidental moderno é marcado pela desvalorização do imaginativo frente ao racional, consolidando um paradigma de racionalidade que organiza em polos opostos e hierárquicos razão e imaginação. Entretanto, a constituição antropológica é indissociavelmente racional e imaginária, manifestando-se enquanto tal na ciência, cultura, artes, filosofia, educação. Assumindo uma postura crítica diante desse paradigma de racionalidade, este livro se propõe a estudar as narrativas romanescas de Menino e Engenho e O Ateneu objetivando refletir sobre a não dicotomização das dimensões racional e imaginativa imanente ao anthropos, sobretudo no campo educacional. Assim, através da noção bachelardiana de devaneios poéticos voltados à infância, adotou-se a noção de imagem literária na tentativa de interpretar as experiências de Carlinhos e Sérgio no Engenho Santa Rosa e no Colégio Ateneu, respectivamente, compreendidos aqui enquanto espaços de formação. Durante o estudo observou-se que as vivências dos meninos são catalisadas pelo racional e pelo imaginativo, tendo em vista que tanto Carlinhos quanto Sérgio desfrutaram de momentos felizes, tristes, frustrantes, desejantes, mesmo se tratando de ambientes e realidades distintas. Nesse sentido, em ambos os personagens se identificou uma estrutura cognitiva orientada pelo racional e o imaginário, diferindo dessa dicotimização comum ao pensamento imposto pela ocidentalidade moderna.