Paul Ludwig Landsberg viveu apenas 42 anos. Nasceu em Bonn, Alemanha, em 1901. Filho de judeus, foi batizado na Igreja Luterana e mais tarde converteu-se ao catolicismo. Viu duas guerras mundiais. Estudou com Edmund Husserl e Max Scheler, de quem recebeu a maior influência. Foi nomeado professor de filosofia na universidade de sua cidade natal em 1928. Amigo de Max Horkheimer, colaborou regularmente com a Revista de Pesquisas Sociais da Escola de Frankfurt. Deixou a Alemanha em março de 1933, quatro dias antes de Hitler chegar ao poder. Encantou-se com a Espanha, onde trabalhou nas universidades de Barcelona e de Santander, mas o início da Guerra Civil, em 1936, o levou a outro exílio. Em Paris conheceu Emmanuel Mounier e se juntou ao movimento Esprit. Convidado por Léon Brunschvigc, deu na Sorbonne cursos de filosofia existencialista. Depois da ocupação da França por tropas alemãs, em 1940, Landsberg recusou os convites para seguir a um novo exílio nos Estados Unidos. Em vez disso, engajou-se na Resistência. Viveu na clandestinidade, com nomes falsos, até ser preso pela Gestapo em 1943. Deportado para o campo de concentração de Oranienburg, ali morreu em 2 de abril de 1944. Sobre a vida clandestina de Landsberg temos o testemunho de Jean Lacroix, que o escondeu em Lyon: Abordamos frequentemente o problema da morte voluntária. Ele me revelou que levava consigo uma dose de veneno que usaria se fosse localizado pela Gestapo. [...] Creio que modificou essa intenção no verão de 1942, quando me escreveu: ‘Encontrei Cristo. Ele se revelou a mim.’ O que é certo é que se desfez do veneno. Quando foi preso, aceitou plenamente que não dispunha de sua vida. O problema moral do suicídio deve ter sido escrito em meados de 1942. Landsberg me enviou o texto um pouco depois, no início do outono. Eu o escondi e o publiquei na revista Esprit depois da guerra, em dezembro de 1946, junto com Ensaio sobre a experiência da morte, que ele já havia terminado. Creio que podemos considerá-los o seu testamento espiritual e intelectual. Landsberg estudou profundamente vida e obra de santos cristãos, especialmente Santo Agostinho. Dedicou-se aos grandes místicos e a Pascal. Na Espanha, admirou Unamuno e começou a preparar um livro sobre Nietzsche e Scheler, que não pôde concluir. Publicou centenas de artigos e conferências, muitos ainda dispersos. Na França ocupada escreveu uma obra sobre o Renascimento que considerava especialmente importante. Sabe-se que fez três cópias do manuscrito e as escondeu, mas elas nunca foram encontradas. As editoras Contraponto e PUC-RJ entregam ao público leitor de língua portuguesa, pela primeira vez, este volume de ensaios representativo da vida e do pensamento desse herói do século XX.