O horizonte político contemporâneo está, cada vez mais, marcado por decisões biopolíticas que, com base em saberes e tecnologias avançadas, definem e conformam formas de vidas, tanto em escala individual como social. Diante desse cenário, Roberto Esposito propõe que a categoria de imunidade articula as dimensões do bíos e do nómos no poder de conservação e proteção da vida. O paradigma imunitário combina os dois vetores da biopolítica - o negativo e o positivo, o destruidor e o conservador -, submetendo a vida a um estado que reduz a sua otência vital, materializada nas relações de doação recíproca da comunidade. O nazismo representa a faceta autoimune da lógica imunitária, porque a manutenção da vida passa a significar a morte mesma do corpo político.