A sabedoria de Confúcio nos lança a um questionamento relevante- se ainda não sabemos o que é a vida, como podemos saber o que é a morte? Este enigma nos impele ao entusiasmo de viver mergulhados na essência humana do sorriso, do perdão, da capacidade de não sermos tragados pela hidrofobia. A obra de Roberto Luiz D’Avila nos dá essa dimensão da vida, que muitas vezes abreviamos sob o falso rigor da vaidade e do orgulho, como se quiséssemos enaltecer nosso ego perante alguém cujo espírito muitas vezes tem a nos ensinar. Se cada instante da vida é um passo para a morte, o que nos leva a precipitar a morte do nosso espírito? Tenho um amigo beneditino, o escritor Júlio de Queiroz, 90 anos, que, ao ser indagado sobre o que é viver, levou a mão à calvície, sorriu e surpreendeu- é não sentir raiva; sorrir com os pulmões bem cheios. O professor Roberto passa-nos essa lição. A humanização dos processos de aprendizagem e da formação médica é o desprendimento, é o ar da convivência natural que nos faz respirar o prazer de viver, de abraçar. Sim, o médico que chora e que sente calafrios na agonia do dia a dia inerente à profissão, é o profissional de alma lavada que minimiza o sofrimento de quem se sente a um passo do finito, sobretudo porque o ato de morrer é – quem sabe – o último ato em vida que requer respeito e dignidade. É preciso, ao morrer, não sentir medo da morte.