Este livro analisa a cobertura realizada pelo jornal O Globo, entre 1965 e 1984, dos aniversários do golpe de 31 de março de 1964, ou seja, durante a vigência da ditadura militar. Essa data é um momento privilegiado por ser um ritual político de busca de legitimidade; uma ocasião regular para expressar a unidade dos militares enquanto instituição, que já era fissurada considerando-se os militares enquanto governo. Paralelamente, num contexto de instabilidade política, o jornal precisava buscar estratégias de posicionamento que extrapolavam a dicotomia corrente que julga entre simplesmente apoiar ou não apoiar um governo e que o tornavam um espaço muito mais complexo do que se costuma considerar. A partir das matérias do jornal, busca-se entender o papel que o jornalista atribuía a si próprio com relação à política e à sociedade ao reportar os aniversários do golpe militar.