Pensar em políticas públicas para a pesca artesanal é um desafio. Em um primeiro momento a provocação está em compreender os pescadores como sujeitos com direitos, sendo que ao longo do tempo estes foram negligenciados em detrimento de outras atividades. Segundo, pelas barreiras que as burocracias do Estado impõem, inibindo o acesso a alguns direitos que foram adquiridos por meio de lutas socais. Assim, ora o direito não existe, ora ele não é alcançável, sobretudo pelos mais humildes. Por tal abordagem o livro já representa uma importante contribuição aos pesquisadores sobre a pesca artesanal. Pelo envolvimento do “Núcleo de Pesquisa e Extensão: Urbano, Território e Mudanças Contemporâneas” com as comunidades visitadas contribui, também, com as organizações sociais de pescadores artesanais. Entendemos que o núcleo estabeleceu diálogos com as comunidades, reconheceu as suas demandas e promoveu a mediação delas com a administração pública. Assim, além de importantes aprendizados sobre teoria e método o livro traz no seu cerne uma admirável lição quanto às formas de realizar pesquisas estritamente comprometidas com as realidades estudadas. Logo, desperta preceitos éticos quanto ao papel e retorno social dos processos de pesquisa e ação com comunidades tradicionais. Entendemos que Catia Antonia da Silva ao falar de “geografias das existências” e pesca artesanal, introduz o entendimento que os pescadores artesanais existem e que tal existência se materializa no espaço e faz história. E mais, que estes sujeitos (R)existem por meio de lutas sociais no embate com contextos de modernização (industrialização e urbanização), de um mercado não favorável e da ausência ou ineficiência de políticas públicas.