Seguindo o mesmo objetivo do primeiro volume - uma narrativa acessível e clara da história da filosofia grega - Luciano de Crescenzo presenteia os leitores com a seqüência dessa fascinante aventura, cujo foco são os interessados em retomar o estudo da filosofia mal aprendida nas escolas. Ou os que querem conhecê-la, simplesmente e sem traumas. Desta vez, o ponto de partida é Sócrates, por quem "não dá para não ficar apaixonado", como confessa o autor, que descreve sua personalidade essencialmente sedutora e carismática de maneira cinematográfica, em 38 páginas que serão lidas de um só fôlego. A genialidade e a normalidade de Sócrates desfilam aos olhos dos leitores na sua vida de coerências, nos seus ensinamentos pelo exemplo, ele que jamais escreveu coisa alguma e com quem a humanidade tanto aprendeu. Segue-se Platão que, até os vinte anos, só se interessava pela poesia quando ouviu Sócrates falar diante de um grupo de jovens e "compreendeu de imediato que aquele velho iria ser o seu novo guia espiritual". Mais um personagem da filosofia grega é trazido para o convívio de um maior número de leitores, com toda a amplitude de seus ensinamentos, a normalidade de suas vidas, sem restringi-los ao interesse dos intelectuais. Em seu estilo deliberadamente acessível e claro, o autor apresenta ao leitor normal, "sem saber coisa alguma de filosofia", a República de Platão, ou o seu belíssimo Simpósio. Aristóteles é o terceiro grande personagem do livro de Luciano de Crescenzo, que, segundo o autor, "não tinha nem a simpatia de Sócrates, nem a habilidade literária de Platão", acrescentando ainda: "eu tentei de tudo para torná-lo agradável". A abrangência da filosofia de Aristóteles faz com que ele seja o mais difícil dos filósofos gregos. Todavia, graças ao estilo instigante e moderno da narrativa, fica mais fácil compreender este pensador e sua obsessiva necessidade de organizar as teorias filosóficas que o antecederam e de colocar ordem em tudo. No livro, há espaço reservado a Epicuro, aos estóicos, aos céticos, aos neoplatônicos, bem como aos filósofos contemporâneos selecionados pelo autor entre as pessoas que chamaram sua atenção pela originalidade de suas filosofias próprias e pela fidelidade aos seus princípios. Trata-se de uma obra que alia, magistralmente, cultura com divertimento.