É difícil aos pesquisadores mergulhar na documentação Provincial nas primeiras décadas do século XIX e conseguir, com a precisão, acuidade e equilíbrio, o resultado alcançado por Almir Antonio de Souza nesta brilhante obra. Além da extensa e profunda pesquisa documental, o autor teve a sensibilidade para identificar as práticas e meios de caminhar, sobreviver e vencer no sertão do Sul do Brasil, num período de caminhos incertos e de fragilidade da presença dos colonizadores.A grande novidade deste livro são os estudos e documentos apresentados que revelam como os indígenas, apesar de viver um contexto cada vez mais difícil, impunham condições e exigências materiais e simbólicas para abandonar a vida do mato e aderir aos aldeamentos dirigidos por sertanistas indicados pelas administrações provinciais. Aqui o autor constrói uma verdadeira História Indígena. O texto de Almir é fluente e erudito, importante para o meio universitário, mas também recomendado para um público amplo. Ao final da leitura todos somos intimados a refletir sobre as condições concretas de ocupação e construção do território que hoje chamamos de Sul do Brasil. Paulo Pinheiro Machado, Departamento de História Universidade Federal de Santa Catarina.