O livro que ora se apresenta tem como finalidade dar conta dos processos relativos à mídia na modernidade latino-americana e sua transição para a contemporaneidade, que o autor ainda resiste em chamar de pós-modernidade, não obstante admita a reforma recente de certos parâmetros cognitivos e da sensibilidade. Com a crescente ingerência dos dispositivos técnicos de comunicação no cotidiano do ser humano e em sua vertente como cidadão, os textos que se alinham no compêndio tratam de observar fenômenos que marcaram a atuação dos meios na região em consonância com a formação de outras instituições modernas, tais como a escola, o mercado capitalista, o cinema e a literatura. Com uma visão que faz convergir discursos e organizações, que vincula dependência, subdesenvolvimento, democracia, leis de mídia, Consenso de Washington, world cinema, estudos latino-americanos, regimes estéticos, tradição e ruptura, entre outros tópicos, Sebastião Guilherme Albano oferece uma perspectiva renovada dos aspectos que dão sentido às sociedades modernas e contemporâneas. Se cada artigo tem uma hipótese central, todos eles seguem na direção de que o capitalismo se tornou um sistema de civilização e não apenas um sistema econômico, o que talvez vá ao encontro de teses de autores como Antonio Negri. Dizemos isso porque, se o marco de organização da economia consegue articular e desdobrar sua influência em instituições que antes se ocultavam em atividades consideradas meramente políticas, hoje esse ardil não é mais provável. Política, economia e cultura se tornam um mesmo fenômeno a se alternar na produção de sentido da vida cotidiana.