O título pode ser lido literalmente. Durante a Segunda Guerra Mundial, dezenas de milhares de trabalhadores nordestinos foram "convocados" para uma missão arriscada, em que muitos pereceram (os números chegam a apontar 25 mil mortos e desaparecidos, muito mais do que as baixas da FEB). O objetivo era produzir "mais borracha em menos tempo", para ajudar os aliados EUA no esforço de guerra. Maria Verónica Secreto conta, num texto leve e enxuto, com clareza e talento narrativo, as desventuras desses trabalhadores, que compõem um episódio extraordinário e pouco explorado de nossa história. Através de depoimentos de viúvas e filhos dos soldados da borracha, cotejados com dados e notícias da época, Secreto mostra como o grande programa de colonização da região Norte elaborado pelo governo Vargas desfigurou-se por conta do compromisso com os EUA, que haviam perdido o controle de abastecimento da borracha para os japoneses, e do descaso da autoridades nacionais. Secreto mostra, principalmente, como os desavisados trabalhadores embrenharam-se no território amazônico, chamado de "front da borracha", com mínimas garantias trabalhistas, que nunca se cumpriram. Os soldados sertanejos, esquecidos no terreno árduo da extração, atuando como braços baratos dos seringalistas, só tiveram suas pensões devidamente estabelecidas recentemente, na Constituição de 1988.