Em tempos em que os poetas vivem em miudeza e suas obras publicadas condensam-se, Cajujerê retesa os séculos e espanta o esfomeado pelo poema aqui, nesta obra, se tem fartura. Os versos acontecem por toda a página, espalhando o corpo da palavra assim como nossa árvore genealógica fundou o Brasil. Os suburbanos, os pobres, os pretos que galgaram todo um país fundado por edificações e rodado pelos braços das máquinas. Sérgio Ortiz de Inhaúma alucina o leitor numa escrita épica onde entidades heroicas estabelecem o maior dos heroísmos do mundo: a cosmopoética. Dénètem Touam Bona quando cunha este termo diz que A cosmopoética é a forma primeira da ecologia: uma ecologia dos sentidos e da imagine-ação pela qual pajés, ngangas, mães de santo, bruxas neopagãs e outros mestres do invisível estabelecem um diálogo obscuro, tecido de metáforas, com o conjunto de tudo que vibra. Seja em brejo ou barro, em quentura ou vento, ou entre folhas de bananeiras onde me mijei / deitada, o invisível(...)