Esta obra desenvolve uma interpretação da ética kantiana bastante distante daquela que se encontra nos manuais mais consagrados. Busca-se, aqui, fazer uma releitura global da moral kantiana, procurando desafiar o marco teórico geral da exposição mais consagrada na disciplina de ética. Com efeito, tornou-se lugar-comum afirmar uma espécie de separação intransponível entre dois paradigmas morais incomunicáveis: o clássico e o moderno. Nessa linha explicativa, Aristóteles é o paradigma das éticas clássicas, voltadas para o bem, para a felicidade e para a natureza humana, preocupadas com as virtudes comunitárias de sociedades culturalmente orgânicas, enquanto Kant é o paradigma da moralidade moderna, que busca regras e deveres para identificar o certo e o errado em abstrato, segundo uma linguagem universal que seria apreensível pelo indivíduo, independentemente de sua cultura, tradição, religião, cosmovisão metafísica, sem ocupar-se com bens ou com fins, [...]