Em carta enviada ao editor deste livro, datada de 14 de agosto de 1649, Descartes afirma que não escreveu o tratado das Paixões da Alma como orador, nem como filósofo moral, mas somente como físico. De fato, ao elaborar este texto, estabelece estreita relação entre a anatomia e a filosofia, entre o corpo humano e o espírito, entre os diversos órgãos internos do corpo e a alma. Dessa relação, Descartes extrai conceitos interessantes que, para um leitor moderno, podem parecer bastante estranhos, pelo menos alguns deles. Hoje, a medicina e a psicologia, além de outras ciências humanas, podem responder de outra forma a algumas das posições de Descartes, porquanto dispõem não somente de novos elementos de estudo, resultantes de pesquisas posteriores, mas também de todo o conjunto de progressos científicos experimentais ou não que ocorreram nesses mais de trezentos anos que nos separam do autor de Paixões da Alma.