Podemos nos indagar: ainda há tempo, no mundo contemporâneo, para uma arte que vai na contramão dos espetáculos rápidos e fugazes, da não comunicação feita pelo mundo eletrônico, de uma técnica que se sobrepõe ao humano? Esta obra poética é resposta para a angústia que nos sufoca: enquanto houver aqueles que resistem e elaboram sua criação no tempo da poiesis, este tempo ausente de qualquer cronômetro, teremos a possibilidade de usufruir daquilo que salvaguarda o ser, preservando os restos humanos que ainda nos suportam. Este olhar de poesia, fruto de um sentir estético, conduz quem dele usufrui a uma alteridade e inevitavelmente a uma ética. A ética como poesia primeira, para recordarmos Levinas e sua ética como filosofia primeira.