Este livro foi lido para mim pelo amor de minha vida, com sua voz estridente, sentado à mesa de uma anciã, sobre uma toalhinha de crochê. Um arrepio tortuoso veio mais de uma só vez. Senti um misto de angústia e fúria por ter a consciência de estar diante de algo que não irá morrer. E isso é tão raro. Porque fecho os olhos é a resposta para as tensões e impossibilidades, o percurso pelo qual a memória configura um corpo presente. As veredas traçadas podem parecer sombrias e tenebrosas, paralelas à morte, mas as coisas se entrelaçam no infinito aqui. Escute, leitor, o pedido de perdão desse poeta, seu grito de clamor, o sussurro vindo de sua memória abafada, esse lugar de peste e amor. Augusto será lembrado por não caber, por ser maior que as páginas, que os quadros, que as telas, por ser esse extravasamento de beleza em carne viva.