Este livro ensaístico centra atenção no romance oitocentista Úrsula, da escritora Maria Firmina dos Reis, a partir de algumas intervenções das pensadoras Lélia Gonzalez e Djamila Ribeiro. A ideia aqui é examinar diferentes ações intelectuais que, articuladas, propuseram dar centralidade à voz de mulheres negras. Trata-se de um diálogo propositivo entre intelectuais que se comprometeram à reflexão acerca de suas próprias condições de inserção em uma sociedade fortemente marcada pela permanência constitutiva de rastros da experiência colonial no Brasil. A partir de clivagens étnicas e de gênero, a análise do romance se articula a outras vozes femininas que, já no século XX, se notabilizaram através de gestos de resistência e de insubordinação, ecoando, simultaneamente, o projeto de Maria Firmina dos Reis.