"Porque tem hora que meu coração pula contente, mas tem hora que nem quando a gente cai é de bunda no chão” Através de vários poemas sensíveis e bem-humorados, o carioca Luiz Antonio Aguiar ingressa na mente de uma criança e dialoga de igual para igual com o público infanto-juvenil. O livro Ora de coração contente, ora de bunda no chão trata daquela febre contagiosa que costuma atingir dez entre dez pré-adolescentes: a paixonite aguda. Os principais sintomas são um friozinho na barriga, um tremor nas pernas, um rubor nas bochechas e um coração batendo contente. Porém o maior problema não é a febre em si, mas a recaída que vem depois. Quando a paixão não é correspondida, a sensação é igual a cair de bunda no chão... De forma leve e lírica, Luiz Antonio tematiza a divertida insegurança em relação primeiro beijo (“Beijar dói?/ Faz desmaiar?/ Deixa gosto na boca, beijar?”), os namoricos às escondidas, as brigas com o espelho e todas as dúvidas comuns àquela complicada fase de transição do mundo infantil para o universo adulto. Da vergonha de sair à rua e ouvir os colegas encarnando (“Tô namorando, não! Quando a Nita aparece/ não é nada disso que você disse/ que acontece. Fico bobo, não!”) ao descrédito dos pais (“Boba que eu fui,/ contei pra mamãe:/ ‘Eu amo ele! Amo! Amo tanto!’/ E ela riu. Despreocupou-se de mim:/ ‘Era isso, meu encanto?/ Isso passa.’”), o autor mostra toda a poesia que existe no interior do coração de uma criança. As ilustrações da artista plástica Adriana Tavares completam os versos de Luiz Antonio Aguiar, dando cor e forma ao coração infantil. Tanto Luiz Antonio quanto Adriana já passaram dos 40 anos, mas nenhum dos dois apagou da memória a gostosa sensação de, criança, rimar “amor” com “flor”.