Que coragem é essa que, para se manifestar, supõe a instância de um falar francamente? Qual é essa verdade cuja condição de possibilidade não é lógica, mas ética? Esse nó de coragem e verdade terá, sem dúvida, constituído para Foucault algo como um complexo fundamental. A coragem da verdade como grade de leitura da obra e da vida enquanto indissociáveis, enquanto aquilo que, simultaneamente, fundamenta a escrita de livros e a ação política. É isso o que os estudos aqui publicados tentam estabelecer, desdobrar. Eles fornecem várias pistas para construir a figura de Foucault como pensador comprometido com a atualidade política, de Foucault diagnosticador do presente, enfim, do Foucault que encontra em Sócrates um irmão longínquo, convicto, como ele, de que há algo de mais essencial que qualquer verdade; a exigência da verdade.