Você está em minha frente, me dá a mão e vamos andar. Quando andamos juntos e conversamos e nos escutamos, somos capazes de perceber o som das nossas vozes em contraste com o que acontece por perto. Percebemos o peito acompanhar um novo ritmo, mais rápido, não urgente, só mais rápido, um pouco eufórico, sim, da alegria de saber que as palavras aparecendo são aquelas que queremos. Você está em minha frente, me passa os baldes com o sangue renovado, ouvimos o som da queda, espontânea, como se cair não fosse ser empurrado, como se cair fosse só esfregar a cara no chão. Você está em minha frente e começo a tirar da boca todas as imagens que escolhi. Estamos andando. Tudo aqui é caminho, mesmo que comece na terra, vá para o céu e termine na água, sublimado, submerso, contemplado como quem encontra um amigo dormindo no fundo do mar. O que é um caminho? Você parece perguntar o dia inteiro. Descaminho, pecado, túneis, ruas sem saída, labirintos, pais e filhos, o próximo início, (...)