Marx, Espinosa e Darwin: pensadores da imanência, só surpreende aqueles que ainda não travaram contato com o trabalho de Maurício Vieira Martins. O livro reflete anos de pesquisa teoricamente rigorosa e politicamente compromissada. Para os marxistas, o livro oferece uma chance de conhecer melhor a filosofia de Espinosa e as implicações filosóficas da obra de Darwin. Para todos os públicos, a obra é uma oportunidade única para verificar como ainda se faz pesquisa acadêmica séria no país. O tema do livro é a imanência. O que parece um termo filosófico de difícil apreensão remete para um significado bastante intuitivo: aquilo que define as coisas como elas são. Pensadores da imanência, portanto, é um título que reúne sujeitos de reflexões que buscam na natureza mesma das coisas a raiz de sua existência, de sua gênese, de sua história. Sujeitos que preferem explicar o mundo por seus próprios atributos, em lugar de desviar o raciocínio e o argumento para domínios externos a ele. Para estes, o sentido do mundo encontra-se nele mesmo e não no terreno insondável das apreensões espirituais. Não é exatamente inovador reconhecer Marx, Espinosa e Darwin como pensadores da imanência. Absolutamente inovador, meritório, contudo, é reconhecê-los da maneira como o fez Maurício Martins, sobretudo neste tempo de proliferação de fundamentalismos religiosos e do pensamento conservador. Em lugar de buscar fraturas entre pensadores que não dialogaram diretamente entre si, Maurício Martins explorou as inevitáveis confluências de seus argumentos reconhecidamente clássicos. Se se trata, de fato, de pensadores da imanência e sendo o mundo uno (ainda que multifacetado), não seria possível que suas formulações não reverberassem entre si.João Leonardo Medeiros, Professor da Faculdade de Economia da UFF, Membro do NIEP-Marx