Alphonsus de Guimaraens Filho traz a literatura no sangue, sendo herdeiro de uma tradição literária que remonta a Bernardo Guimarães (seu avô), o autor de A escrava Isaura, e a Alphonsus de Guimaraens (seu pai). Poeta acima de tudo, buscando de forma incansável a beleza pura, a poesia sem mácula, o que, de certa maneira, o título de seu primeiro livro indica e define: Lume de estrelas.A partir da década de 1940, Alphonsus construiu uma longa e elaborada obra poética, das mais importantes do lirismo brasileiro, na qual o temperamento romântico e as sugestões simbolistas, associadas a um certo gosto pela metafísica, foram-se depurando numa dicção cada vez mais pessoal e pura. Como todo escritor autêntico, o poeta foi localizando o seu mundo peculiar, dentro do imenso universo poético, à medida que via e analisava a própria imagem naquilo que escrevia. Poesia como exercício de autoanálise, mas também de infinitas sugestões e aberturas para o mundo externo, pois, como adverte o poeta, nenhuma poesia se faz de matéria abstrata.Descobertas e rupturas se sucederam nesses sessenta anos de exercício poético. De caráter permanente, foi a adoção do soneto uma de suas formas preferidas de expressão. Não é, pois, sem razão que é considerado um dos maiores sonetistas da língua. No mais, a busca permanente pela renovação, em fases sucessivas, a de expressão católica, sob influência ou sugestão de Jorge de Lima e Murilo Mendes, e a descoberta da grande poesia espanhola, soldadas pela mesma obsessão: a procura da própria e implacável imagem, que é também uma das buscas permanentes da poesia.