Esta obra de Valérie Gérard tem como proposta mostrar o sentido que há em se orientar, politicamente, por afinidades, diferenciando a lógica afinitária de uma lógica identitária, de clã, discriminativa, e questionando sua relação com a consideração da coexistência não escolhida dos seres humanos, com a pluralidade de suas preferências e de seus modos de vida. A autora propõe a seguinte tese: é, paradoxalmente, a orientação afinitária, sensível, conscientemente parcial, mais do que a pretensão de se orientar pela razão, a que mais pode dar lugar à coexistência da multiplicidade, porque reconhece a ausência de princípio e, por isso, a ilegitimidade de qualquer reivindicação de padronização do mundo. Ela não comporta, por si mesma, a pretensão de reduzir o múltiplo à unidade, e, portanto, a pretensão à hegemonia.