Vítima da pobreza, que lhe cobrou uma perna em um acidente de caminhão, Ciça ainda frequenta a escola, inicialmente, mas a família, colhedores de café, boias-frias, continua condenada à exploração e à miséria. A mãe de Ciça morre e, sob os cuidados do padrasto, a família parte de mudança para outra região - Marília (SP) - com esperança de trabalho. Enquanto dormia na rodoviária de São Paulo, aguardando o ônibus que os levaria à cidade do interior, Ciça foi acordada por Macalé (filho do padrasto) informando que ela iria para um abrigo de meninas, onde retomaria os estudos, enquanto o padrasto e ele seguiriam sozinhos para Marília, com a promessa de vir buscá-la. Na primeira noite no abrigo, depois de se alimentar bem, Ciça é acordada para conhecer Sílvia, a rainha da Suécia, que acendeu um fio de esperança na vida da menina. Quem sabe com um pouco mais de dignidade e justiça. Mantendo a linguagem poética de Ciça, a autora avança nas questões sociais já abordadas anteriormente, colocando uma nova e boa perspectiva de desfecho para a personagem. Além dos temas sociais (pautados na sociedade de hoje), Neusa Jordem Possatti construiu uma narrativa que laça o leitor, com uma linguagem descolada, às vezes engraçada, e sobretudo peculiar ao caráter forte da personagem.