"As relações Judeus-Cristãs do primeiro século buscam situar e analisar as diferentes razões de uma possível separação entre Judeus e Cristãos à partir do corpo textual que constitue o Novo Testamento. Pe. Manoel, fazendo jus ao patrimônio comum recomendado por Nostra Aetate, analisa com nuances diversos textos neotestamentários e demonstra que contrariamente as aparências ou ideologias, a separação entre Judeus e Cristãos acontece de maneira gradativa, localizada e depois de muitas décadas de convivências e de encontros. Assim, entre Judeus e Cristãos, o encontro precede de muitos anos os desencontros; a partilha do patrimônio comum foi centenária e muito além das divisões e separações. Esta tese fundamental, defendida com brilho pelo Pe, Manoel, se encontra nos últimos anos confirmada pela grande corrente de pesquisa representada, entre outros pelo pesquisador judeu Daniel Boyarin, the Border Lines: The Partition of Judaeo-Christianity. De fato, faz-se necessário reconhecer que entre Judeus e Cristãos, o que nos une é bem maior e mais antigo do que nossas divergências sobretudo histórico-bíblicas. A afirmação capital de patrimônio comum é um tesouro escondido que precisa ainda ser revelado e lapidado para que juntos, Judeus e cristãos, com suas legítimas diferenças, possam se engajar para o bem da humanidade, à partir da Escuta do Sinai e de Sion."