Quando se sai pela cidade, ou simplesmente se vive em uma dessas cheias de gentes, vivendo muito próximas umas das outras, gentes usando muitas engrenagens para recursos cotidianos que enfileiram praticidades: ouve se o rumor de muitos barulhos. Todo o tempo, esses barulhos aterrorizando a percepção do que se poderia catalogar como olhar poético, contemplação. Marilene se dispara para dentro desse problema e o poema que ela constrói devolve, com ritmo e vísceras, a cidade para o seu próprio ruído. A poeta beat que essa poeta é, acaricia o tema com luvas de arame. Apodera se das ruas e se empodera em qualquer espaço que escape à visão e aos ouvidos. Não há limites para a coragem no peito dessa poeta. São infinitas as acomodações onde ela pode repousar qualquer universo e lavar um planeta com sua erosão. Vertigem é verso em Marilene Vieira. O que sabemos nós das histórias dos outros? [...]